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Comunidade no AM denuncia ONG por usar imagens de ribeirinhos sem autorização para arrecadar dinheiro

Comunidade no AM denuncia ONG por usar imagens de ribeirinhos sem autorização Moradores da comunidade Santo Antônio, em Novo Airão, no interior do Amazonas,...

Comunidade no AM denuncia ONG por usar imagens de ribeirinhos sem autorização para arrecadar dinheiro
Comunidade no AM denuncia ONG por usar imagens de ribeirinhos sem autorização para arrecadar dinheiro (Foto: Reprodução)

Comunidade no AM denuncia ONG por usar imagens de ribeirinhos sem autorização Moradores da comunidade Santo Antônio, em Novo Airão, no interior do Amazonas, denunciam que a ONG norte-americana Global Thinkers Now vem utilizando fotos e vídeos de ribeirinhos sem autorização para arrecadar dinheiro no exterior. Segundo eles, a organização é mantida por missionários ligados à Igreja Adventista e tem sede nos Estados Unidos. Conforme os relatos de moradores à Rede Amazônica, as imagens são divulgadas na internet com pedidos de doações em dólares, mas os recursos não chegam à comunidade, que fica dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro. ​​📲 Participe do canal do g1 AM no WhatsApp Além disso, líderes comunitários afirmam que passaram a sofrer ameaças e intimidações de seguranças contratados pela ONG. Os responsáveis pela ONG são o casal Beatriz Augusta e Robert Ritzenthaler. Ela é brasileira e ele, americano. Na internet, eles divulgaram metas de arrecadação de milhares de dólares, que alegam precisar para ajudar os ribeirinhos. Eles foram procurados por telefone e e-mail, mas não retornaram até a última atualização desta reportagem. A professora e vice-presidente da comunidade, Marineuza Miranda Pontes, se surpreendeu ao descobrir que a própria imagem estava sendo divulgada na internet, sem autorização, assim como a de outros moradores, para conseguir doações. “A gente se sentiu lesado. A gente via que eles estavam crescendo. Não que isso gerou orgulho ou inveja pra gente, não. O que a gente queria é que os comunitários também fizessem parte disso. Que eles se desenvolvessem junto com eles. Essas fotos mostram aí”, relatou Marineuza. Conflito começou com doação de terreno Em 2015, a Associação de Produtores Agrícolas de Santo Antônio doou um terreno de 5 mil m² para a construção de uma casa de apoio para a ONG, mediante a promessa de benefícios para os ribeirinhos. No entanto, os moradores dizem que, no local, foram erguidas casas de alto padrão, com materiais e mão de obra trazidos de fora, além de áreas desmatadas para as obras. "Para planar terra, desmataram o mato. Aí tinha todo tipo de vegetação. Se andar ao redor, vai ver itaúba, louro, pé de angelim. Tudo na área onde não foi desmatado. Esses tipos de madeira tinham nessa área onde foi desmatado", contou o morador da comunidade Elino Miranda. Moradores de comunidade no AM denunciam ONG por usar imagens de ribeirinhos sem autorização para arrecadar dinheiro. Reprodução/Rede Amazônica Segundo o secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira, a secretaria multou a ONG em quase R$ 60 mil em junho deste ano e interditou as construções. "Nessa ocasião, foi lavrado um termo de embargo e interdição, um embargo de qualquer e toda a atividade, bem como a interdição da ocupação do imóvel na área considerada irregular, em especial a área que foi constatada a degradação. Obviamente, as instanções administrativas foram aplicadas e aí foi dado o prazo regular para que a organização pudesse fazer a sua defesa. Uma vez dentro do um prazo, uma vez encaminhada a defesa, será analisado e os órgãos de fiscalização retornam através do embargo lavrado e efetivamente atendido", explicou o secretário sobre a situação. Disputa judicial Diante do impasse, a comunidade convocou uma assembleia para revogar a doação do terreno. A ONG, no entanto, acionou a Justiça, alegando que “o Brasil não é terra sem lei” e pediu que o assunto fosse retirado da pauta. A Justiça do Amazonas concedeu uma liminar proibindo qualquer intervenção no imóvel, sob pena de multa diária de R$ 200. Comunidade Santo Antônio, em Novo Airão, no interior do Amazonas. Reprodução/Rede Amazônica Para evitar mais gastos com advogados, os ribeirinhos buscaram apoio da Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM), que passou a representá-los no caso, que segue em uma disputa judicial. "Uma RDS, na verdade, é uma área pública, é uma área de preservação ambiental. Ela não pode ser destinada a uso e moradia de pessoas que não comunidades tradicionais", afirmou a defensora pública Daniele Fernandes. *Com informações de Vinícius Assis, da Rede Amazônica.